sexta-feira, 3 de janeiro de 2025

Quando o Caráter e o Trabalho Honesto Não Bastam no Mundo Corporativo

 O mundo corporativo pode ser cruel. Nem sempre o esforço, a inteligência, o caráter e a integridade são suficientes para garantir o reconhecimento ou, sequer, a segurança do trabalho. A história de José, que vou compartilhar aqui, é uma prova de como o jogo de interesses pode desvalorizar as pessoas certas e premiar as erradas.

José estava em plena transição de carreira quando surgiu uma oportunidade de trabalhar em uma empresa através de uma amiga. Na época, a situação da empresa era crítica: os projetos não estavam andando, e até mesmo profissionais renomados não conseguiam entregar resultados. O cenário era tão complicado que um dos clientes chegou a pedir que uma dessas pessoas fosse retirada dos projetos.

Com humildade e determinação, José foi contratado com a missão de reverter essa situação. Ele sabia que seria desafiador, mas aceitou o desafio de coração aberto, disposto a aprender o novo e conquistar as pessoas ao seu redor. E foi exatamente isso que ele fez. Aos poucos, José construiu conexões genuínas, motivou o time e entregou resultados incríveis, transformando a percepção do cliente e revertendo a má fase da empresa.

Tudo parecia bem até que houve uma mudança na diretoria. O CEO, que José admirava e considerava um exemplo de integridade, trouxe uma amiga para assumir uma posição estratégica. Porém, essa nova líder logo demonstrou sua falta de preparo e ética. Ela era constantemente alvo de críticas pelo time devido à sua incapacidade de liderar, comunicar-se de forma clara ou sequer realizar apresentações decentes para os parceiros.

Para piorar, essa líder trouxe seu marido para trabalhar no mesmo projeto de José, com a desculpa de que ele estaria lá apenas para ajudá-lo a se desenvolver. Mas a verdadeira intenção era clara: ela queria substituir José pelo marido, usando o cargo e o poder para favorecê-lo. Aos poucos, começou a tirar as demandas de José, ignorar suas contribuições e centralizar tudo no marido, que sequer tinha a capacidade técnica necessária para desempenhar as funções.

José, por sua vez, continuava entregando um trabalho impecável, elogiado pelo time e pelos clientes. Ele tinha todas as evidências documentadas, inclusive os elogios feitos pelo próprio CEO. Mas isso não bastou. O jogo de interesses já havia sido decidido.

Quando chegou o momento de demitir José, a líder revelou mais uma vez sua falta de postura. Ela sequer teve a coragem ou a capacidade de comunicar a decisão por conta própria. Recorreu ao CEO, a quem ela tratava como um “pai”, para que ele fizesse o trabalho sujo por ela. José foi chamado para uma conversa com o CEO, mas o que deveria ser uma justificativa sólida e profissional se tornou um mar de evasivas e desculpas sem fundamento.

José pediu feedback para entender o que poderia melhorar, mas o CEO não soube responder. Ele sabia que não havia nada a criticar. José chegou a apresentar todos os resultados que havia alcançado, incluindo entregas que haviam salvado a relação com o cliente. Mas nada disso importava. O jogo de interesses já havia sido decidido.

Meses depois, ironicamente, a empresa recontratou José para solucionar outro problema crítico com o cliente. Se José fosse realmente um profissional ruim, será que o chamariam de volta? Mas, desta vez, José decidiu que não podia continuar em um ambiente que desrespeitava seus valores e princípios. Ele pediu para sair, com a cabeça erguida e a certeza de que seu caráter não estava à venda.

Essa história me faz refletir: até quando pessoas íntegras, honestas e competentes serão descartadas para abrir espaço para jogos de poder e interesses pessoais? Será que o trabalho honesto e a dedicação já não são suficientes no mundo corporativo?

O caso de José não é isolado. Há muitos como ele, pessoas que vestem a camisa, entregam resultados e agem com ética, mas que acabam sendo deixadas de lado porque não têm os "contatos certos" ou porque se recusam a jogar sujo.

Até quando o talento será desvalorizado? Até quando as pessoas vão adoecer, ficar depressivas para provar algo? 

Acredito que está na hora de questionarmos e mudarmos esse sistema. Que o trabalho honesto, a integridade e o respeito pelas pessoas voltem a ser prioridade.